06 janeiro 2007

Lábios - Eugénio de Andrade




Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade
Amadíssimo Senhor
sempre iluminada pela SUA luz,
não é só brilhozinho nos olhos que me trai...
não é só o sorriso que cintila mais...
mas também as palavras...
que passam a soar
como o rumor das gaivotas
alegres,
rodopiantes a passar...
beijos reluzentes de felicidade
SUA maria