02 janeiro 2007

boca - Eugénio de Andrade


Amadíssimo Senhor...
não quis mexer nos versos, que achei magníficos...
mas a minha boca anseia pela SUA pele, pelo SEUS pés, pela SUA boa, pelo SEU caralho, pelo SEU pescoço... ai a lista é tão longa...
beijos felizes e gulosos
SUA maria

A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.

Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?

Eugénio de Andrade