Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
Florbela Espanca
Amadíssimo Senhor
com beijos
de olhos brilhantes de desejo
boca sabendo a mel
e o ventre perfumado, orvalhado e aberto como uma flor
pronta a ser colhida...
SUA maria da luz
1 comentário:
"Sou a charneca rude a abrir em flor!"
Que bonito!
Gostava de te mandar uma foto para esse poema..mas não sei como..só se for por e-mail mas não sei qual...
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