26 abril 2012

poesia - Florbela Espanca



Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

 Mas que eu não era eu, não o sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no TEU olhar,
E a minha boca sobre a TUA boca!

 E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da TUA alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!


poesia - Florbela Espanca


Amadíssimo Senhor

 A minha alma se embrasou
e descobriu que sempre havia sido SUA!
 

SUA maria da luz

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